quinta-feira, 18 de novembro de 2010

Um aldeão, nascido na serra beirã!

Aderi, sem hesitar, a este projecto, relacionado com este recanto interior da Beira, pequeno aglomerado infiltrado nas serranias do Açor, nos confins dos limites de Arganil, pertencente à típica Freguesia de Piódão... na verdade, esta aldeia, está entranhada no meu ser, faz parte da minha vida!

Nesta altura, envolto em momentos amargurados, pela perda do meu pai, vou esperando que a terapêutica imposta pelo desenrolar da realidade, no consecutivo amanhecer, me vá aclareando as ideias e cicatrizando o sentimento... que o lento desenrolar dos dias, vá ajustando a medida das emoções, revele a simbiose perfeita entre o estado de alienação e a cruel realidade...

Neste tempo, que vai anunciando uma nebulosidade dominante sobre as poucas horas de luz, o sol, prisioneiro do amontoado de nuvens, ainda vai estendendo os seus raios por pedaços de terra, através dos buracos rasgados no céu pela doce brisa que sopra do mar... ao sabor deste tempero, crepúsculos de luz polvilhados de orvalho, enquanto o frio não chega com mais vigor, vamos navegando sob a abobada pintada de Outono, em meados do mês de Novembro…


Diamantino Pereira, N.a 28/04/1932 – F.a 29/10/2010

O meu pai, nasceu nos primórdios do século passado, nos verdes anos duma república imprevidente, longe das atribulações sociais, no sossego dos altos montes, onde a natureza evidenciava encanto, conservada pelo silêncio do tempo. Com a primavera já florida, às portas dos aromas do Maio, nasceu na pequena aldeia de Fórnea, no seio de uma família humilde, todavia, a distinta e honrada casta Pereira que vivia naquele lugar, com uma forte raiz, ramos vigorosos que geravam sustentabilidade e bons frutos, espalhando nobreza ao futuro daquele aglomerado…

Desde cedo foi moldando a combatividade e a coragem de franzino, no relevo e sumptuosidade dos vales, dificuldades acrescidas no cultivo de subsistência, duma família que ia crescendo em tamanho e dificuldades. Com aquele modo de vida foi crescendo, apressando a mocidade, foi traçando o seu destino, escrevendo a sua vida, cimentando a sua personalidade, reservado na penumbra do tempo, mas abnegado na sua missão terrena, obstinado em conseguir um fado abençoado.

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3 comentários:

  1. Uma bonita homenagem que fazes ao teu pai, um abraço amigo.

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  2. Este comentário foi removido pelo autor.

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  3. António, não chores a morte do teu pai, porque a consciência não te pesa.
    Sempre foste um bom filho e pelo teu pai fizeste tudo o que era possível.
    Guarda para sempre no teu coração os bons momentos, transmitindo aos teus filhos a bondade que o teu pai te deixou.
    Neste Natal, não necessitas de um anjo na tua árvore, no céu está um anjo que olha e protege a tua família.
    Um Santo Natal, para ti e para toda a tua família.
    (Odete Francisco)

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